A arquitetura passiva surge como uma alternativa viável e necessária quando se trata de diminuir o uso crescente de aparelhos de ar-condicionado.
Trata-se de um conjunto de estratégias projetuais que visam garantir conforto térmico com o mínimo ou nenhum uso de sistemas mecânicos, atuando em harmonia com o ambiente local. A Medvitae Arquitetura fala mais sobre ela a seguir.
Princípios da Arquitetura Passiva para Climas Quentes
A arquitetura passiva utiliza soluções integradas ao projeto, considerando clima, orientação solar e ventilação natural. Entre as principais estratégias estão:
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Sombreamento eficiente: uso de brises, beirais, muxarabis e vegetação para bloquear a radiação direta.
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Ventilação cruzada: abertura de vãos em fachadas opostas para promover a renovação do ar.
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Orientação solar adequada: aproveitamento da insolação favorável e redução da exposição ao sol poente.
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Materiais com massa térmica: como tijolos, adobe e concreto, que absorvem calor e reduzem a amplitude térmica interna.
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Coberturas e fachadas refletivas: telhados e superfícies claras ou com tintas térmicas para diminuir a absorção de calor.
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Fachadas duplas ventiladas: que criam uma camada de ar isolante e reduzem a transferência de calor.
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Implantação adequada no terreno: respeitando as condições locais de insolação e ventilação.
Essas estratégias, quando aplicadas desde a concepção do projeto, podem reduzir em até 31% a carga térmica interna, assim como proporcionar uma economia de energia de aproximadamente 29%, mesmo sem o uso de equipamentos.
O papel do projeto arquitetônico no desempenho térmico
Projetos bem elaborados demonstram como a arquitetura pode eliminar a necessidade de climatização artificial. Um exemplo é a escola Lycee Schorge, de Francis Kéré, em Burkina Faso.
Com o uso de materiais locais, espaços ventilados e sistemas de sombreamento, a edificação mantém conforto térmico mesmo em ambientes áridos e quentes.
A correta escolha de materiais, aliada à orientação solar e à ventilação natural, influencia diretamente no desempenho térmico do edifício. O uso de aberturas estratégicas, volumes sombreados e materiais de alta inércia térmica são elementos recorrentes em projetos eficientes para climas tropicais e semiáridos.
Soluções urbanas para redução do calor na arquitetura passiva
O planejamento urbano, por outro lado, também contribui para o conforto térmico coletivo. Estratégias que atuam na escala da cidade incluem:
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Aumento de áreas vegetadas e arborizadas, que oferecem sombra e reduzem a temperatura do ar.
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Criação de espelhos d’água, como lagos e fontes, que promovem resfriamento evaporativo.
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Implantação de corredores de vento que favorecem a ventilação entre edifícios.
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Requalificação de cursos d’água urbanos, como o projeto do rio Cheonggyecheon, em Seul, que resultou em redução de até 5°C nas áreas próximas.
Essas medidas reduzem o efeito das ilhas de calor e melhoram o microclima das cidades, especialmente em regiões densamente construídas.
Estratégias acessíveis para habitações populares
Em contextos de baixa renda, no entanto, acaba possível aplicar soluções simples, mas eficazes.
A iniciativa Mahila Housing Trust, na Índia, comprova que pequenas intervenções podem gerar grandes resultados. Entre as estratégias aplicadas, destacam-se:
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Pintura de telhados com tinta branca ou refletiva, que reduz significativamente a absorção de calor.
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Instalação de aberturas para ventilação natural, melhorando o fluxo de ar interno.
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Uso de materiais de cobertura com melhor desempenho térmico, como mantas isolantes ou telhas com propriedades refletivas.
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Capacitação comunitária para que os moradores compreendam e repliquem essas técnicas de forma autônoma.
Essas ações têm impacto direto na redução do calor interno, no consumo de energia e na qualidade de vida dos moradores.
Inovações inspiradas em técnicas tradicionais da arquitetura passiva
Por fim, novas tecnologias vêm sendo desenvolvidas a partir de saberes tradicionais na arquitetura passiva.
O sistema evaporativo criado pelo Ant Studio, por exemplo, utiliza cones de argila embebidos em água para resfriar o ar que passa por eles.
Essa técnica, além de simples e sustentável, tem capacidade de reduzir a temperatura ambiente em até 6 °C, sem depender de energia elétrica.
A combinação de tecnologias passivas com materiais locais e soluções baseadas na natureza reforça a importância de uma abordagem climática na arquitetura.
O resgate de práticas ancestrais adaptadas ao contexto urbano contemporâneo pode ampliar o alcance dessas soluções e torná-las aplicáveis em larga escala.
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